
Ontem pela manhã desci a Andradas caminhando desde a Praça Dom Feliciano.
Ainda no alto da praça, lá no final da Andradas, perto da Santa Casa, pus-me a olhar ladeira abaixo. Meus olhos alcançavam a Praça da Alfândega. Havia poucas pessoas na rua.
O clima estava agradável, como são agradáveis os dias de primavera em Porto Alegre.
Houve uma revoada de pássaros, que cantavam, perseguindo uns aos outros.
Na sequência, passou um papagaio, e atrás dele veio outro.
Como é lindo o canto dos papagaios!
Lembrei que em outros anos, nesta época, a cidade estaria cheia, e a Praça da Alfândega movimentada com a Feira do Livro.
As flores dos jacarandás já colorem o chão, e, claro, o topo das árvores.
Lembrei-me do trajeto que fazia caminhando para as aulas na Ufrgs.
Comecei a pensar, traçando um mapa mental dos meus percursos diários antes da pandemia, quando fazia praticamente tudo a pé.
Deu-me uma saudade danada destes percursos, do convívio com as pessoas e das aprendizagens.
Lembrei-me das conversas nos intervalos das aulas e das escapadas para buscar o café na lanchonete ao lado do DAD.
Como estão sobrevivendo esses pequenos comércios que muito ganhavam com o movimento dos alunos e professores da universidade?
Às vezes fico pensando, tentando imaginar como estão meus colegas e amigos.
Que rotinas desenvolveram desde março deste ano, quando tudo ficou diferente?
Eu tenho uma esperança danada de que logo logo possamos voltar a nos abraçar e a conviver como antes.
Também tenho esperança de uma cidade mais feliz e bonita a partir do próximo ano.
Podemos decidir isso no dia 15 de novembro.
Às vezes eu tenho esperança num Brasil melhor.
E que as pessoas sejam melhores.
Mas só às vezes.
Principalmente em dias nublados de temperatura agradável.