No último sábado, 15 de dezembro, o governador eleito, Eduardo Leite, anunciou o nome de Beatriz Araújo para a Secretaria da Cultura, pasta que volta a ter estrutura própria, desmembrando-se do Turismo, Esporte e Lazer. Leite acerta duas vezes: primeiro, reconhecendo e dando à Cultura o status e o valor que lhe são merecidos; segundo, chamando Beatriz para encarar o desafio de compor o seu governo.
Conheço Beatriz Araújo desde 2004, quando com ela trabalhei na realização do projeto Jardim Lutzenberger. Na época, Bia (como é chamada pelos mais próximos) foi imprescindível para a aprovação do projeto junto às Leis de Incentivo à Cultura e para a posterior captação de recursos e sua viabilização, o que nos possibilitou não somente a implantação do espaço dedicado ao ecologista gaúcho, localizado no terraço do quinto andar da Casa de Cultura Mario Quintana, como também a realização de um espetáculo teatral que ficou um ano em cartaz no Teatro Bruno Kiefer (entre 2005 e 2006), beneficiando 21 mil crianças das escolas públicas municipais e estaduais de Porto Alegre e região metropolitana com a gratuidade do ingresso.
A futura Secretária da Cultura do Rio Grande do Sul tem uma história de mais de três décadas dedicadas às diversas manifestações culturais. À frente de importantes projetos, foi responsável pelo Natal Luz, em Gramado, viabilizou importantes publicações de autores gaúchos, espetáculos do Grupo Tholl, dos irmãos Kleiton e Kledir, produziu a grande exposição em homenagem à Simões Lopes Neto, que aconteceu no Santander Cultural, e também a última Bienal do Mercosul. Além disso, é responsável pela restauração de inúmeros prédios que compõem o Patrimônio Histórico e Cultural do Sul do Estado, com destaque para a Bibliotheca Pública Pelotense e para o Museu Histórico Farroupilha, em Piratini.
Com um currículo que vai muito além dos projetos citados acima e do reconhecimento de sua passagem pela Secretaria da Cultura de Pelotas, com importantes conquistas para o município, a nomeação de Beatriz Araújo é um indicativo da sensibilidade do futuro governador e mostra que o mesmo está disposto a tratar a área com a atenção que realmente merece. Mulher de cultura e da cultura, sensível às dificuldades da classe e do que por ela precisa ser feito, Beatriz não aceitaria o convite para fazer figuração, sem as garantias necessárias para representar os interesses de artistas e agentes culturais, que nela encontrarão uma aliada disposta ao diálogo e com capacidade técnica para encontrar soluções e atender as demandas da pasta.
Artigo publicado na página 2 do jornal Correio do Povo, Porto Alegre, 21 de dezembro de 2018.

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