Desenvolvido pela educadora ambiental Beatriz Osório Stumpf, o Programa de Educação Ambiental “Permaculturando na Escola” estimula a integração da comunidade escolar em um processo que abrange a transformação da área da escola, acompanhada por mudanças de valores e hábitos, ações sócio-ambientais coletivas, campanhas de difusão de práticas ecológicas e formação de multiplicadores. A abordagem educativa trabalha em direção a uma maior conexão com o mundo visto como um sistema vivo; a aprendizagem dos princípios ecológicos que regem a vida, como interdependência, diversidade, reciclagem e flexibilidade; e a aplicação destes princípios nas atividades humanas, através da permacultura. A Permacultura envolve o planejamento, a implantação e a manutenção de sistemas humanos fundamentados no funcionamento dos ecossistemas naturais, de modo a satisfazer as necessidades humanas de forma mais efetiva e sem impactos ambientais negativos, aproveitando melhor os espaços, materiais e energias do local.
Com a execução de um Design Permacultural, o pátio de uma escola pode se tornar um instrumento de aprendizagem, com o uso de elementos diversos e criativos, como salas de aula ao ar livre, recantos interativos e jardins produtivos, que podem contribuir para a integração social, o desenvolvimento cognitivo e emocional e o enriquecimento da merenda escolar. A metodologia utilizada neste programa abrange o uso de elementos diversificados, como métodos participativos, oficinas, mutirões, vivências de sensibilização, dinâmicas de grupo e atividades artísticas. Nesta proposta pedagógica, a formação e a aprendizagem do aluno são estimuladas pela pesquisa e mudança da própria realidade, através da mobilização de potenciais para a transformação positiva de situações de vida. O processo de ensino aprendizagem dos conteúdos curriculares ocorre de uma forma prática, dinâmica e fundamentada na realidade local, tendo como eixo central a ética de uma visão ecológica que abrange a relação de cada indivíduo consigo mesmo, com as outras pessoas e com o ambiente como um todo.
Segundo Beatriz Stumpf, a Educação Ambiental precisa ser percebida, não como uma atividade extra, desconectada do cotidiano escolar, mas sim como o próprio coração da escola, um tipo de cola que favorece a integração da comunidade escolar em um objetivo comum, com benefícios para todos. O processo educativo ambiental não pode continuar sendo visto como algo que vai trazer mais trabalho ou dificuldades, mas sim como um potencial gerador de mais alegria, dinamismo, criatividade e afetividade, que contribui para resolução de outros problemas, como as dificuldades de aprendizagem, as questões comportamentais, a violência, o bulling.
Artigo publicado no Correio do Povo, de Porto Alegre, em 20 de agosto de 2010.