Em 1997, na Polônia, nasceu o Festival de Páscoa Ludwig Van Beethoven, para homenagear e lembrar os 170 anos de morte do autor da IX Sinfonia. Esse festival que acompanhei até o ano 2000, trouxe na sua terceira edição, em 1999, em seu cartaz de divulgação, pilares de concreto transmutando-se em árvores que voam pelos ares, embaladas pela força transformadora da música.
A mesma obra mostra, em primeiro plano, árvores tendo seus troncos transformados em pilares, elos de ligação entre suas frondosas copas e suas profundas raízes no solo. A mensagem é a de que a música tem o poder da mudança e da integração. Mostra-nos que natureza e arte andam juntas. Essa imagem com o poder transformador da música, me fez lembrar de quando Lutzenberger embarcava em seu carro e viajava para qualquer lugar apreciando as belas paisagens do entorno ao som da música erudita. Também identificávamos sua volta pela boa música que o acompanhava.
No dia 15 de maio de 2002, quando Lutz foi velado em seu refúgio, o Rincão Gaia, não houve cerimônia religiosa. A paz e a tranqüilidade reinaram absolutas, mais uma vez, ao som da música clássica. Neste mesmo dia a natureza nos preparava uma sinfonia única, privilégio para poucos. Lutz foi sepultado em um bosque, sem caixão, envolto em suas vestimentas e em uma manta indiana de algodão orgânico. Para nossa surpresa, após a última pá de terra cobrir sua sepultura, caiu sobre os presentes uma tempestade – assustando alguns, impressionando a outros.
Numa seqüência de raios, trovões, forte chuva e rajadas de vento, pássaros voavam e árvores tombavam a nossa volta. Era a sinfonia da vida regida por Gaia. No final daquele mês a OSPA ofereceu um concerto em homenagem a Lutzenberger. Agora, lembrando os seis anos de seu falecimento, e comemorando os 21 anos da Fundação Gaia, a OSPA, sensibilizada, faz o mesmo. Muito Obrigado!
Publicado no Programa do 7º Concerto Oficial Teatro da OSPA, realizado no dia 03 de junho de 2008.